A maternidade transforma tudo: o corpo, a rotina, as prioridades, os sonhos e até a forma como nos enxergamos. E, em meio a tantas mudanças, surge uma cobrança silenciosa — de voltar a ser como antes, de dar conta de tudo, de se recuperar rápido, de estar sempre bem.
Mas a verdade é que cada mãe tem o seu próprio tempo. E respeitar esse tempo é um dos pilares para viver uma maternidade mais leve, real e saudável.
Neste artigo, vamos conversar sobre o porquê de respeitar o seu ritmo ser tão essencial — e como fazer isso mesmo em meio à correria da vida com filhos.
O tempo da maternidade não é o mesmo para todas
Enquanto algumas mães voltam ao trabalho poucas semanas após o parto, outras sentem que ainda não estão prontas meses depois.
Algumas retomam a libido rapidamente, outras demoram a se reconectar com o próprio corpo.
Algumas voltam a se exercitar cedo, outras demoram a se sentir confortáveis até para se olhar no espelho.
E tudo isso é normal.
Não existe um “tempo certo” — existe o SEU tempo.
Por que nos cobramos tanto?
Vivemos em uma sociedade que valoriza a velocidade, a produtividade e o “dar conta de tudo”. E esse padrão acaba invadindo também a maternidade.
Frases como:
- “Você já voltou ao normal?”
- “Já emagreceu tudo?”
- “Vai ficar só em casa?”
- “Quando vai voltar a trabalhar?”
Alimentam um sentimento de inadequação, como se estar “lenta” fosse sinônimo de fracasso. Mas na verdade, desacelerar é uma forma de se escutar — e isso é um grande ato de coragem.
O que significa respeitar seu tempo?
1. Entender que você não precisa ser como era antes
Você mudou. Seu corpo mudou. Suas prioridades mudaram. E isso não é perder a identidade — é evoluir. Dê espaço para essa nova versão de você mesma surgir sem pressa.
2. Permitir-se viver cada fase com presença
O puerpério, os primeiros meses, o desmame, o retorno ao trabalho, cada fase tem seus desafios e aprendizados. Tentar apressar essas fases é como virar páginas antes de terminar de ler.
3. Não comparar sua jornada com a de outras mães
Cada pessoa tem uma rede de apoio diferente, uma história diferente, um bebê diferente. Comparações só alimentam a culpa. Confie na sua própria experiência.
4. Ouvir seu corpo e suas emoções
Está cansada? Descanse. Está triste? Permita-se sentir. Está confusa? Não precisa decidir tudo agora. Seu corpo e sua mente têm sabedoria. Confie neles.
5. Falar sobre o que sente
Dividir seus sentimentos com alguém de confiança ou com um profissional pode aliviar o peso. Você não precisa carregar tudo sozinha — e não deveria.
Como praticar esse respeito no dia a dia?
- Desacelere quando puder: nem tudo precisa ser resolvido agora.
- Diga não sem culpa: para convites, cobranças ou expectativas que te fazem mal.
- Celebre pequenas conquistas: conseguiu tomar banho tranquila hoje? Já é vitória.
- Planeje com flexibilidade: se não deu pra fazer tudo, tudo bem.
- Tenha momentos seus, mesmo que curtos: isso te reconecta com você mesma.
Quando não respeitamos nosso tempo, o que acontece?
A pressa gera frustração. A cobrança gera culpa. E o acúmulo de tudo isso pode resultar em:
- Exaustão emocional
- Desconexão com o bebê
- Dificuldade de vínculo consigo mesma
- Ansiedade ou sintomas depressivos
Por isso, respeitar seu tempo não é luxo, é necessidade.
Leveza também é ritmo próprio
A maternidade é feita de ciclos. De descobertas, pausas, recomeços. Não há um cronômetro dizendo quando você “deveria” estar pronta para algo.
Quanto mais você se escuta, mais leve a jornada se torna. Mais verdadeira. Mais inteira.
Então, por hoje, pare um pouco. Respire. Escute seu corpo. Acolha seus sentimentos. E diga para si mesma: eu não estou atrasada — estou no meu tempo.