A maternidade desperta sentimentos intensos. Amor como você nunca sentiu antes, mas também medo, insegurança, frustração, cansaço e, às vezes, até raiva. E, em meio a tudo isso, muitas mães se perguntam: “É normal sentir isso?”.
Sim, é normal. E mais do que isso: é necessário acolher esses sentimentos para viver uma maternidade mais leve, consciente e verdadeira.
Neste artigo, vamos falar sobre a importância de reconhecer suas emoções na jornada materna e como fazer isso de forma saudável, sem culpa e com muito mais empatia por você mesma.
Sentimentos não são certos ou errados — eles apenas são
Na maternidade, é comum ouvir frases como:
- “Você deveria estar feliz”
- “Aproveita, passa rápido”
- “Tem tantas mulheres que queriam estar no seu lugar”
Essas frases, muitas vezes ditas com boa intenção, invalidam o que a mãe realmente sente. Como se fosse proibido estar cansada, irritada ou triste só porque também se sente grata.
Mas emoções não se anulam. Você pode:
- Amar seu filho e, ao mesmo tempo, desejar um tempo sozinha
- Ser grata pela maternidade e, ao mesmo tempo, sentir saudades da sua antiga rotina
- Estar feliz com o bebê e, ao mesmo tempo, se sentir exausta
Todos os sentimentos são legítimos.
Por que acolher seus sentimentos é tão importante?
Porque quando você nega o que sente, os sentimentos não desaparecem — eles se acumulam. E isso pode gerar:
- Explosões de raiva
- Tristeza profunda
- Culpa constante
- Sensação de estar sempre no limite
Já quando você reconhece, nomeia e acolhe suas emoções, elas se transformam. Você se fortalece. Se entende melhor. E consegue lidar com os desafios com mais clareza.
Como começar a acolher seus sentimentos na prática
1. Nomeie o que está sentindo
Parece simples, mas faz toda a diferença. Em vez de dizer “estou mal”, tente identificar:
- “Estou sobrecarregada”
- “Estou frustrada”
- “Estou triste e não sei bem por quê”
- “Estou feliz, mas com medo do que vem depois”
Dar nome ao sentimento já é um ato de autocuidado.
2. Permita-se sentir sem julgamento
Evite se criticar por sentir algo “negativo”. Emoções como raiva, tristeza ou tédio não fazem de você uma má mãe. Elas fazem de você uma mãe humana.
Sinta o que tiver que sentir. Se precisar, chore. Fique em silêncio. Escreva. Respire fundo. Só não reprima — acolha.
3. Crie um espaço seu, por menor que seja
Um momento do dia, mesmo que breve, onde você possa se escutar. Pode ser:
- Um banho demorado
- Uma xícara de chá em silêncio
- Escrever em um caderno
- Caminhar sozinha
- Meditar por cinco minutos
Esse tempo é precioso para se reconectar com você mesma.
4. Compartilhe com alguém de confiança
Falar sobre o que sente ajuda a organizar os pensamentos. Pode ser com uma amiga, com o parceiro, com um grupo de mães ou com um terapeuta.
Você não precisa passar por tudo sozinha.
5. Cuide do seu corpo também
Sentimentos também se manifestam fisicamente. Corpo tenso, dores de cabeça, cansaço extremo. Cuidar do corpo é uma forma de aliviar emoções acumuladas.
Movimente-se. Respire profundamente. Alongue. Alimente-se bem. Durma sempre que puder.
O que NÃO é acolher seus sentimentos
- Se culpar por estar cansada
- Reprimir o choro e fingir que está tudo bem
- Comparar sua dor com a de outras mães
- Achar que sentir “coisas ruins” vai prejudicar seu filho
Acolher sentimentos é o contrário disso: é se abraçar por dentro, com gentileza e verdade.
Sentir é parte do caminho
A maternidade é cheia de intensidade porque é cheia de amor. E o amor real também cansa, também tem dúvidas, também escorrega. Você não precisa ser forte o tempo todo. Nem paciente. Nem feliz 24 horas por dia.
Você só precisa ser sincera com o que sente. E dar espaço para que esses sentimentos existam — sem vergonha, sem culpa, sem julgamento. Porque acolher o que você sente é também ensinar ao seu filho que sentir faz parte de ser humano. E isso é uma das maiores heranças emocionais que você pode deixar.