Maternidade não deveria ser sinônimo de sobrecarga. E, ainda assim, muitas mulheres se veem sozinhas na criação dos filhos, na organização da casa, nas decisões do dia a dia. Viver a maternidade em parceria — seja com um companheiro, companheira ou rede próxima — é essencial para que ela seja mais leve, justa e equilibrada.
Neste artigo, vamos conversar sobre a importância da divisão de tarefas, como alcançá-la na prática e por que isso não é “ajuda”, é responsabilidade compartilhada.
A maternidade não é só da mãe
A ideia de que a mãe é naturalmente quem sabe, quem cuida melhor, quem dá conta de tudo sozinha precisa ser desconstruída. Ela gera:
- Sobrecarga mental e física
- Cansaço crônico
- Culpa por não conseguir estar em todos os papéis
- Desconexão emocional dentro da relação
Dividir as responsabilidades da maternidade não é um favor que alguém faz à mãe. É o funcionamento justo de uma família.
Por que ainda é tão difícil dividir as tarefas?
Muitos casais cresceram vendo suas mães fazendo tudo sozinhas. Isso cria padrões inconscientes que são repetidos na vida adulta.
Além disso, há uma cultura que reforça frases como:
- “Homem não tem jeito com bebê”
- “Ele ajuda, pelo menos”
- “Você é a mãe, você sabe o que é melhor”
Essas ideias enfraquecem a parceria e colocam a mãe em uma posição de carga total — mesmo que ela também trabalhe fora, estude ou tenha outras demandas.
Os impactos positivos da divisão de tarefas
Quando a maternidade é vivida em parceria, todos ganham:
- A mãe se sente mais acolhida e menos sozinha
- O parceiro cria vínculos profundos com o bebê
- A relação se fortalece com mais empatia e companheirismo
- A criança cresce vendo modelos de colaboração e respeito
Dividir é cuidar junto. E cuidar junto é criar juntos.
Como dividir tarefas na prática
1. Tenham uma conversa honesta
Fale com clareza sobre o que está difícil, onde sente sobrecarga, o que precisa ser dividido. Evite suposições — comunicação é chave.
Exemplo: “Estou exausta de cuidar sozinha do banho do bebê. Podemos revezar essa tarefa?”
2. Liste tudo que precisa ser feito
Inclua tarefas visíveis e invisíveis, como:
- Troca de fraldas
- Compra de fraldas ou alimentos
- Organização da bolsa do bebê
- Pensar no cardápio da semana
- Consultas médicas
Assim fica mais fácil visualizar o volume de responsabilidades.
3. Delegue com liberdade
Quando a tarefa é delegada, deixe o outro fazer do jeito dele. Não precisa ser exatamente como você faria. Confie. A divisão só funciona quando vem com autonomia.
4. Crie rotinas compartilhadas
Dividam horários:
- Um cuida enquanto o outro toma banho ou dorme
- Um prepara o jantar, o outro cuida do bebê
- Um limpa enquanto o outro dá atenção à criança
A rotina fluída evita acúmulo de estresse e reforça a parceria.
5. Reforce a importância do vínculo
Às vezes, o parceiro se sente inseguro para assumir certas tarefas. Encoraje, mas sem cobrança. Lembre que o cuidado diário é o que constrói o vínculo, e isso vale para qualquer cuidador.
E quando a parceria não acontece?
Nem sempre é possível dividir igualmente. Mas ainda assim, é importante:
- Conversar com franqueza
- Estabelecer limites claros
- Buscar ajuda externa, se possível
- Reconhecer que você não deve carregar tudo sozinha
Se há resistência em dividir tarefas, pode ser necessário buscar apoio profissional, como terapia de casal ou orientação parental.
Maternidade leve também é maternidade compartilhada
Você não precisa ser a única responsável. Dividir a carga não diminui seu valor — reforça o respeito pela sua jornada.
Quando há parceria, a maternidade se torna mais equilibrada. E quando todos cuidam, todos se fortalecem.
Se você está nessa luta por mais divisão, saiba que não está sozinha. E que vale a pena construir, dia após dia, uma maternidade onde haja espaço para todos — inclusive para você.